“Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a
civilização começa”
Margaret
Mead
Margaret Mead, nascida em 1901, desde cedo se
revelou uma pessoa incomum. Apaixonada pela antropologia, decidiu, aos 22 anos,
ir viver para a Samoa Americana (no Pacífico Sul), para aí realizar vários
estudos de campo.
Nestes tempos de coronavírus o nome de Mead tem sido, várias
vezes, citado na imprensa e nas redes sociais. Não pelos horizontes que abriu
na problematização da adolescência, nem pela sua luta pelos direitos das
mulheres nos anos 50 e 60, mas por uma história que se aplica muito bem à nossa
vivência atual.
Questionada por um aluno sobre qual seria o primeiro sinal de
civilização na humanidade. A resposta esperada seria algo como ferramentas de
caça, artefactos religiosos primitivos, objetos de cerâmica… Muito diferente
disso, Mead disse que o primeiro sinal de civilização era um fémur cicatrizado
com 15 mil anos encontrado numa escavação arqueológica.
O fémur, um dos maiores ossos do corpo humano que demora seis
semanas a curar, estava partido, mas tinha cicatrizado. Tal significa alguém
tinha despendido o seu tempo para cuidar
daquela pessoa, para a proteger, abrigar, alimentar ao invés de a abandonar à
sua sorte.
No reino animal uma fratura
na perna quase sempre leva à morte. Se for predador, não consegue caçar; se for
uma presa, não consegue fugir. Está morto. Então, concluía Mead, o que nos distingue enquanto civilização
é a empatia, a capacidade de nos preocuparmos com os outros.
Esta capacidade de nos
preocuparmos com os outros manifesta-se cada vez mais nestes tempos de
coronavírus revelando-nos um estágio bonito da nossa civilização.
Por todo o mundo, desde
personalidades a desconhecidos, passando por pequenas e grandes empresas,
têm-se multiplicado as demonstrações de solidariedade em resposta à pandemia atual.
Fechados devido às medidas
de confinamento, restaurantes de vários países da Europa decidiram distribuir refeições
em hospitais e a pessoas necessitadas.
É o exemplo português: seis cadeias de
restaurantes uniram-se com o intuito de distribuir gratuitamente refeições aos profissionais
de saúde que estão a trabalhar nos hospitais, como uma forma de homenagem, tendo
em conta a luta destes contra a pandemia de Covid-19. “Em tempos difíceis não
há concorrência, há solidariedade e cooperação”, refere o comunicado divulgado pelos
foodforheroes.
Outra
iniciativa portuguesa é o SOS Vizinho, um projeto recém-desenvolvido
e de ajuda voluntária a grupos de risco. O objetivo do site é o de auxiliar e levar bens essenciais a quem
mais necessita e esteja abrangido no âmbito da contenção social – neste
momento, aconselhável a todos nós – seja de quarentena ou resguardo, imposto ou
voluntário.
De Istambul vem o exemplo
para ajudar a resolver o problema da falta de máscaras: professores que se viram
sem alunos decidiram fabricar máscaras para distribuir tanto aos profissionais
de saúde, como à população.
Da Europa ao Japão, a
solidariedade e criatividade multiplicam-se num caminho de interligação comunitária.
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