Falaremos, hoje, da forma menos óbvia de riqueza (capital): a
atenção.
Parece
existir, na nossa sociedade, uma necessidade de urgência, uma pressão que não
dominamos, uma corrida em que nos atropelamos sem nos escutarmos, sem habitar
verdadeiramente a vida. Como nos diz José Tolentino Mendonça “necessitamos de reaprender o aqui e agora da presença,
de reaprender o inteiro, o concentrado, o atento e o uno."
Cultivar a capacidade de prestar atenção é
fundamental. A atenção é uma competência essencial para desenvolver um espírito
crítico e regular melhor as nossas emoções e reações emocionais.
"Imagine a atenção como focar algo com a luz de
uma lanterna. Quando prestamos atenção a algo, estamos a direcionar o nosso
foco para “iluminar” o que está aqui. E, como o feixe de luz da lanterna, não
se trata de mudar o que “o feixe da atenção” encontra. Trata-se apenas de ver
melhor o que estamos a observar, mais nitidamente e com mais clareza.
Somos nós que controlamos a lanterna, para
onde se direciona e a largura do campo de visão. Ao prestar atenção à nossa
experiência estamos a construir uma capacidade importante – treinar o nosso
foco para notar e conhecer melhor o que já estamos a percecionar, desenvolvendo
a nossa curiosidade e permitindo receber os detalhes das nossas experiências
tal como são."
A atenção permite-nos realizar de uma forma
satisfatória trabalhos que, à partida, considerávamos enfadonhos e permite-nos
apreciar melhor os pequenos momentos das nossas vidas.
Esquecemo-nos, muitas vezes, de que o nosso
bem-estar depende, em grande parte, de apreciar as pequenas coisas do
dia-a-dia. E é
a atenção aos “pequenos nadas” do quotidiano que nos permite vivenciar
plenamente os presentes da vida. São os pequenos prazeres que nos enchem de coragem para as rotinas
diárias.
Se pensarmos bem, os grandes acontecimentos da
nossa vida contam-se pelos dedos das mãos. Há que começar a sentir com
intensidade as pequenas coisas do nosso quotidiano: abrir a janela, deixar o ar
entrar e o sol aquecer-nos a alma, olhar a chuva cair e sentir o cheiro da
terra húmida, caminhar pela praia, dar um mergulho no mar e deixarmo-nos
envolver pelo bem que ele nos faz, pegar num livro e sentir o acolhimento da
sua leitura, dar um abraço e saborear o afeto que ele nos transmite, olhar para
um rosto amigo e sorrir com o seu sorriso sincero…
Que grande riqueza aquela que nos é
proporcionada pela atenção!
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