Projeto EMPREENDER COLABORAR TRANSFORMAR

Existe um movimento crescente de pessoas que se dedica à resolução de problemas da sociedade através de iniciativas inovadoras, sustentáveis e solidárias. Participar deste movimento é a proposta do Projeto “empreender COLABORAR TRANSFORMAR”. Incentivar os alunos da Escola Secundária de Miraflores a criar mais e melhor valor para a sociedade é o grande objetivo deste projeto.

Para atingir este objetivo inspiramo-nos nos inúmeros exemplos de empreendedorismo, nomeadamente o social, que nos entusiasmam e fazem acreditar num rumo verdadeiramente gratificante para o mundo em que vivemos.

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Formas alternativas de riqueza: tempo, comunidade, atenção (II)


Falaremos, hoje, de outra forma alternativa de riqueza: a comunidade. Os relacionamentos, os laços que nos unem, são as grandes forças que alicerçam a nossa confiança na existência. Está provado que o lugar onde vivemos, quanto ganhamos e até o estado de saúde, têm efeitos limitados na satisfação com a vida, quando comparados com o peso das relações pessoais fortes. Se quisermos saber se alguém é feliz, não lhe perguntemos pela conta bancária, mas pelos seus relacionamentos.

São os laços de partilha que ligam toda a humanidade. É na comunhão com os nossos semelhantes que nos pensamos felizes.

Mesmo que tenhamos sido bem-sucedidos, na nossa vida afetiva e profissional, temos necessidade de sentir que contribuímos de alguma forma para a comunidade da qual fazemos parte. Quanto maior o envolvimento e ligação aos outros, maior o nosso sentimento de bem-estar.


 
Em Okinawa (arquipélago subtropical no Japão que é considerado o lugar onde se vive mais e onde há um número expressivo de idosos acima dos 100 anosa formação de laços fortes entre as comunidades locais é a grande aposta das populações - todos pertencem a alguma associação de vizinhos onde se sentem queridos, como se pertencessem a uma família. O serviço à comunidade acaba por se transformar na razão por que todas as manhãs se levanta da cama. Este sentimento de pertença e de ajuda mútua proporciona uma sensação de segurança e contribui para o aumento da esperança média de vida.

Héctor Garcia e Francesc Miralles no seu livro Ikigai — Viva bem até aos cem falam-nos de uma tradição deste arquipélago: o Moai – “um grupo informal de pessoas com interesses comuns que se ajudam mutuamente. Os membros de um moai têm de contribuir com uma quantia mensal fixa. Este valor permite-lhes participar nas reuniões, nos jantares, nos jogos de xadrez japonês ou desfrutar de algum passatempo que tenham em comum.

O dinheiro de todos os membros é usado nas atividades e quando se acumula um determinado valor, um dos membros (vai rodando) recebe uma quantia previamente estabelecida. Por exemplo, se um membro pagar 5 mil ienes por mês, ao final de dois anos recebe 50 mil ienes (é uma forma de poupar com a ajuda dos outros). Passados dois anos e um mês, será outro amigo do mesmo moai a receber os 50 mil ienes.

Pertencer a um moai ajuda a manter a estabilidade emocional e financeira. Se alguém do grupo estiver a passar por dificuldades, pode-se adiantar a essa pessoa a quantia economizada pelo grupo.

Este sentimento de pertença e de ajuda mútua proporciona uma sensação de segurança e contribui para o aumento da esperança média de vida.”
E pensemos num exemplo simples como o do jantar em família em que tanto há a ganhar só pelo simples facto da família se reunir para comer. Segundo um estudo realizado nos EUA, "quando as crianças ainda são muito pequenas, o seu vocabulário aumenta; nas mais velhas, os resultados académicos melhoram; crianças e adolescentes começam a comer mais frutas e legumes e são menos propensos a serem obesos; diminuição das taxas de consumo de álcool, depressão e violência." Todo um efeito em cadeia de valor, de riqueza que se acrescenta a cada um de nós.

Outro exemplo é o das pessoas doentes. No seu livro “Inteligência social”, Daniel Goleman fala-nos da importância “das forças que trabalham contra a satisfação da necessidade que os doentes têm de conexões calorosas.” Quando as pessoas doentes são portadoras de um estigma social, ou quando enfrentam a morte, aqueles que lhes seriam próximos, tornam-se, muitas vezes, demasiado preocupados ou ansiosos para oferecer ajuda, ou sequer fazer uma visita. Ficam constrangidos, fogem nas alturas em que o amigo doente mais anseia o seu apoio. “Mesmo que não saiba muito bem o que dizer, o importante é aparecer”. Mesmo que nos faltem as palavras, podemos oferecer a nossa presença de afeto. A simples presença pode ser surpreendentemente importante, mesmo no caso de pessoas cuja consciência seja mínima. Pode não curar, mas pode ajudar significativamente a sua recuperação.

Sim, a nossa riqueza maior será a conexão com os outros num profundo sentimento de comunidade.


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