Encaramos, geralmente, o erro como um fracasso, mas o erro deve ser perspetivado como o resultado de um processo experimental inerente a qualquer aprendizagem, a qualquer descoberta. Podemos mesmo dizer que a aprendizagem, a descoberta, começa com o erro.
“Errar é uma etapa do inventar, falhar são degraus do criar.” Um erro de Fleming (ter deixado a lâmina de cultura sem proteção no laboratório) levou-o à descoberta da penicilina, a qual inaugurou uma nova era na indústria farmacêutica. Roentgen descobriu o raio x pelo seu descuido no manuseamento de uma placa fotográfica… Os exemplos são infinitos, mas para que o erro seja transformado em algo instrutivo e propiciador de uma efetiva aprendizagem há que estar consciente dele, do seu significado e do caminho para a sua superação.
Há uns anos atrás, Kira Ende lançou, em Bruxelas, um encontro onde as pessoas foram convidadas a partilhar os seus insucessos. Reuniões análogas existem em numerosos países: as pessoas evocam o seu maior fracasso profissional em público. Todos os meses, três ou quatro participantes encontram-se no Beurscafé para contar o que fizeram do seu fracasso. “É muito importante que comecemos a falar disto, relatamos sem cessar os sucessos, mas é tempo de partilhar os insucessos por mais desagradáveis que sejam, pois as lições que deles tiramos são muito enriquecedoras. Podemos utilizá-los como uma plataforma para crescer. É uma forma de coragem e pede-nos algo que os sucessos não nos exigem." Existem empresas nos EUA que não encaram o fracasso como um problema, antes pelo contrário. Chamam-lhe “cair para melhor avançar”. Querem inovar rapidamente e utilizam o fracasso como um motor para melhor avançar. Num estudo sobre aqueles que procuram emprego constatou-se que aqueles que tinham por objetivo aprender o mais possível tinham três vezes mais chances de encontrar um trabalho. A nossa atitude determina a visão de fracasso. Se procurarmos a performance o fracasso é percebido como algo mau em si. Ao contrário, quando o objetivo é o de aprender, mesmo que alguma coisa corra mal, a aprendizagem existirá sempre.
Porque é que a ideia do fracasso nos atemoriza tanto? Temos medo de passar por idiotas? Ou de que não nos amem? Perguntemo-nos se é realmente o que se vai passar. Concentremo-nos mais no processo de aprendizagem do que no sucesso.
Lembremo-nos de que realizar "sonhos implica riscos, riscos implicam escolhas, escolhas implicam erros". Lembremo-nos de que, muitas vezes, há que “cair para melhor avançar” e aquilo que “diferencia os jovens que fracassam dos que têm sucesso, não é a cultura académica, mas a capacidade de superar as adversidades da vida”. Acreditemos que, mais cedo ou mais tarde, haverá benefícios (talvez de uma forma encapotada) e se soubermos fazer daquilo que não conseguimos alcançar, numa determinada altura, um aliado na nossa aprendizagem voaremos bem mais alto.
Deixamos-vos algumas perguntas que podem ajudar nas etapas deste nosso percurso de erros, de permanente aprendizagem e crescimento:
"- O que tentei eu concretizar?
- Porque não resultou?
- Serei capaz de identificar alguns aspetos bem-sucedidos desta experiência?
- Que lições aprendi?
- O que farei de diferente na próxima vez?"
E para finalizar, recomendamos estes podcasts inspiradores:
"E se falássemos de falhanços?"
https://observador.pt/programas/imperdiveis/na-escola-42-valorizamos-os-erros/
Bons pensamentos. Há que disseminar. Será muito bom quando os nossos jovens entenderem que os fracassos são aprendizagens. Desistir é a via mais fácil. Felizmente, estamos aqui para lhes mostrar que a resiliência é uma disciplina da vida!
ResponderExcluirObrigada, Zelinda, pela tua companhia, pelas tuas palavras, por seres um exemplo desta resiliência como disciplina de vida.
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