Projeto EMPREENDER COLABORAR TRANSFORMAR

Existe um movimento crescente de pessoas que se dedica à resolução de problemas da sociedade através de iniciativas inovadoras, sustentáveis e solidárias. Participar deste movimento é a proposta do Projeto “empreender COLABORAR TRANSFORMAR”. Incentivar os alunos da Escola Secundária de Miraflores a criar mais e melhor valor para a sociedade é o grande objetivo deste projeto.

Para atingir este objetivo inspiramo-nos nos inúmeros exemplos de empreendedorismo, nomeadamente o social, que nos entusiasmam e fazem acreditar num rumo verdadeiramente gratificante para o mundo em que vivemos.

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Um tempo favorável


“Uma crise é um momento de verdade, que nos revela aquilo que nós valemos realmente. (…)

Tempo de deserto e de escuridão, em que se corre o risco de morrer. Não há qualquer garantia de vida nova. Apenas uma “fresta” que deixa passar a luz. Apenas uma falha que revela uma novidade possível. Apenas um orifício que deixa entrever que a plenitude está noutro lugar, não se sabe onde. Mas o caminho está aberto para partir à sua procura. É a história da existência humana, pois uma existência humana sem acontecimento, sem crise, sem kairos, é tudo menos humana. Hoje é o “tempo favorável” para tornar a existência mais humana. (…)

 Para que haja acontecimento, é necessário que haja fresta. Para que surja algo de novo, é necessário que haja vazio. Para que surja “outro” possível, é necessário um “mesmo” frágil. “A fragilidade parte-se”, mas sem fratura não há novidade.”
 Elena Lasida, O Sentido do Outro - A crise, uma oportunidade para reinventar laços

 pintura da Zao Wou-Ki

Estas palavras de Elena Lasida, de quem já citámos outras (também tão prementes) aqui, remetem-nos para as nossas falhas, aquelas que, tantas vezes queremos esconder, de que, tantas vezes, nos envergonhamos. No entanto, sem elas a luz não poderia entrar. E é nestas frestas que entrevemos a nossa luz.
Os exemplos multiplicam-se, as manifestações de solidariedade revelam a nossa Humanidade num momento de verdade. E fazem-nos acreditar que este é, sem dúvida, um tempo favorável para fazer emergir algo radicalmente novo. Um tempo favorável para tornar a existência mais humana.

O lado positivo das crises


Um tempo de crise, um tempo de isolamento, um tempo de entreajuda também. É isso que nos mostram os portugueses e é isso que nos dá alento para acreditar que podemos iniciar um tempo novo.


 “Multiplicam-se fotografias de recados deixados aos vizinhos por pessoas que não estão em quarentena obrigatória onde é disponibilizada a possibilidade de ir às compras ou à farmácia. As mensagens são normalmente dirigidas à população de risco como idosos, pessoas com locomoção limitada ou doentes crónicos.” 

“O pior é ter tido a infelicidade de ter atravessado a vida sem naufrágios, é ter ficado à superfície das coisas, ter dançado no baile das sombras, ter patinhado no pântano do “diz que diz”, das aparências, e nunca ter sido precipitado numa outra dimensão. As crises, na sociedade em que vivemos, são realmente o que ela tem de melhor – mesmo correndo o risco de nos projetarem, sem estarmos preparados para isso – para entrarmos na outra dimensão.”

                                                                    O lado positivo das crises, Christianne Singer



E sim, as crises abrem-nos caminhos, rasgam cortinas que nos permitem um outro olhar. Reinventamo-nos, enfim. Aliás, podemos dizer como refere Christianne Singer no livro de onde retirámos o título do nosso post, que, como lhe contou um amigo antropólogo sobre o que lhe dissera um africano, “nós não temos crises, nós temos as iniciações”. Iniciar, quem sabe, um tempo novo em que a febre do consumo supérfluo desapareça, em que paremos para pensar naquilo que é verdadeiramente importante, em que nos reconectemos com o essencial, em que a consciência da nossa interligação nos leve a uma responsabilidade cada vez maior perante o mundo em que vivemos, em que possamos valorizar o recolhimento que é necessário na nossa vivência, em que vivamos com menos pressa e mais sentido. E sim, as iniciações são dolorosas, mas existem para nos evitar o pior.