Em tempo de balanço de caminhos percorridos e de projeção de caminhos futuros, sugerimos como grande inspiração para 2023 Buckminster Fuller. Cientista, arquiteto, designer, matemático, inventor, futurista, filósofo, sociólogo, escritor, cosmólogo…
Fuller viveu momentos de desespero e desejo de se suicidar na sequência da morte da filha de quatro anos e de uma série de revezes financeiros. Sentindo-se um “fracasso espontâneo”, com 32 anos, em setembro de 1927, preparava-se para saltar nas águas geladas do lago Michigan, mas após um longo debate interior decidiu que não tinha o direito de terminar com a sua vida “sem primeiro saber a razão da minha inclusão no esquema do Universo.” Em vez de pôr fim aos seus dias decidiu continuar a viver como se tivesse morrido naquela noite, ou seja, estando morto, não teria de se preocupar com os seus problemas pessoais e estaria livre para viver como um representante do Universo. Em vez de viver para si dedicar-se-ia a colocar a questão: “O que é que há neste planeta que eu possa fazer e que não será feito se eu não tomar essa responsabilidade?”
E decidiu colocar-se continuamente esta questão e assim trabalhar para a humanidade como empregado do Universo (como uma pequena parte do Universo a expressar-se através dele).
É esta a interpelação que vos propomos como guia para 2023:
O que é que há neste planeta que possamos fazer e que não será feito se não tomarmos essa responsabilidade?
Nota: Este visionário deixou a sua marca nos mais variados domínios, servindo de inspiração para diversos movimentos e comunidades alternativas. Os seus pensamentos a favor de um mundo colaborativo e focado na sustentabilidade são cada vez mais presentes e mais discutidos (tecnologias que fazem “mais com menos” com o objetivo principal de melhorar a vida das pessoas).
28 patentes e 28 livros, um carro (1933), uma casa e o domo geodésico.
O seu mais conhecido projeto, Geodesic Dome, foi reproduzido mais de 300 mil vezes pelo mundo fora. Na sua visão antecipatória do mundo e no seu desejo de democratizar modelos que não fossem negativos para o planeta ensinou-nos que é possível, de uma forma responsável, criar tudo e evitar o pior, usando a sua máxima: “Se não podes prever o futuro, desenha-o.” Consciencializa-nos sobre o nosso impacto e sobre a nossa fragilidade, sobre a nossa interligação. As cúpulas são conhecidas pela grande leveza e estabilidade estrutural. A sua resistência deve-se aos triângulos e ao formato esférico: qualquer força aplicada ao domo é distribuída de forma igual até alcançar a base. Segundo a sua teoria, para a compreensão do comportamento da estrutura precisamos analisá-la como um todo, pois todos os seus elementos trabalham juntos.
Sinergia é uma das palavras-chave para entender B. Fuller. Ela descreve os efeitos inesperados que surgem dentro de um sistema que não poderiam ser previstos pela análise individual das suas partes (planeta como sistema regenerativo – ligação entre a abelha que ao buscar o néctar para a sua sobrevivência acaba por ajudar a reprodução das plantas através da polinização).
