Projeto EMPREENDER COLABORAR TRANSFORMAR

Existe um movimento crescente de pessoas que se dedica à resolução de problemas da sociedade através de iniciativas inovadoras, sustentáveis e solidárias. Participar deste movimento é a proposta do Projeto “empreender COLABORAR TRANSFORMAR”. Incentivar os alunos da Escola Secundária de Miraflores a criar mais e melhor valor para a sociedade é o grande objetivo deste projeto.

Para atingir este objetivo inspiramo-nos nos inúmeros exemplos de empreendedorismo, nomeadamente o social, que nos entusiasmam e fazem acreditar num rumo verdadeiramente gratificante para o mundo em que vivemos.

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Metamorfose da vida

 “Sabes, disse-me um velho amigo congolês, na nossa terra para passarmos de uma idade para outra temos de fazer um exame. Não, não é um desses exames que vocês fazem nas universidades, em que custe o que custar, à hora estipulada, num feixe de nervos, têm de desbobinar tudo o que aprenderam à pressão, não, nada disso: é um exame completamente diferente. Queres um exemplo? Quantos anos tens? Então para entrares no grupo dos trinta e oito anos terias de dar provas de que as plantas se desenvolvem sob os teus cuidados, e que tudo o que for plantado por ti germina. Se, com a tua idade o reino vegetal reage mal à tua presença é porque existe algum bloqueio em ti, algo que ficou atrofiado e que faz de ti uma ameaça para a comunidade. Seria evidente que não tinha tomado bem conta do teu corpo e da tua alma; impunha-se proceder à tua recuperação (...)

E a ti, pergunto-lhe, que prova é que te espera?

- Aos cinquenta e dois anos, são-me concedidos três dias e três noites para ajudar uma família devastada pela morte de um ente querido, a superar o seu desespero e a transformá-lo em força viva. Se conseguir serei admitido entre os meus.

Deste modo a nossa responsabilidade perante a criação aumenta com o passar dos anos, como os círculos que se formam quando atiramos uma pedra num lago e que vão aumentando em direção à margem.”

Christiane Singer, As idades da vida

 No percurso da vida não estamos sozinhos e, como nos diz Christiane Singer, “quer queiramos quer não, integramos a caravana da geração com a qual iniciámos a marcha, cujas fileiras irão definir-se até ao fim. Às vezes, cheia de energia, arrasta-nos no seu entusiasmo; outras vezes, teimosa e indecisa, bloqueia-nos na sua ansiedade. Neste caminho cruzamo-nos com outras caravanas, provenientes de outras idades – e estas paragens ou estes troços de caminho revelam-se apaixonantes.”

Há que avançar neste percurso com o coração e os olhos bem abertos. Há que reconhecer a vida como uma constante metamorfose. No entanto, a nossa sociedade ignora ou nega as diversas formas de estar na vida em prol do culto da juventude. Um dos pretensamente galanteios que se pode fazer a uma pessoa idosa é o de que tem um “ar jovem" ou “espírito jovem”. Citando ainda Christiane Singer: “Um percurso tão longo sem que nele se tivesse operado qualquer transformação! Que peregrino iria aguentar tal insulto?”

Esta ignorância/negação da diversidade, este nivelamento forçado à “juventude”, esta "imobilidade" no "jovem", remete-nos para a necessidade de uma mobilização coletiva para encararmos o envelhecimento como portador, também, de imensas oportunidades.

Exige-se uma cultura de mudança. Há que criar novas plataformas cooperativas, interligarmo-nos numa dinâmica de cooperação. O papel das escolas, empresas, Estado e sociedade civil é determinante. Determinante na mudança de paradigma laboral, determinante na mobilização nacional para a construção de uma imagem mais positiva do envelhecimento.

A mudança de paradigma laboral implica contrariar a atitude preconceituosa relativamente ao potencial das competências e capacidades dos trabalhadores seniores, sobretudo, nas características mais relevantes neste contexto: o interesse para aprender e a capacidade de adaptação a novas situações. Como nos diz João Lobo Antunes, no seu livro O eco silencioso, “há nos velhos um pragmatismo cristalizado, um apuramento da inteligência emocional e da sabedoria, atingindo muitas vezes o cume da excelência humana.” É necessário contrariar a atitude de indiferença ao potencial das competências dos trabalhadores seniores na criação de riqueza.

Promover um movimento de mobilização nacional no sentido aproveitar ao máximo a experiência dos mais velhos e de estabelecer pontes entre as diferentes gerações serão grandes passos no caminho para a mudança que se impõe. Há que acolher o envelhecimento, tanto no campo económico como social, e, nessa consciência, consideramos que todos podemos ser protagonistas desta mudança.

Porque a vida é movimento, a vida é mutação, a vida é transformação.


 

 

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