- " Imagem
ultra simplificada da natureza humana, partindo do princípio de
que as pessoas são unicamente motivadas pelo desejo de maximizar o
lucro.
- Princípio
de que a solução da pobreza está na criação de empregos para todos
– que a única forma de ajudar os pobres é proporcionar-lhes postos
de trabalho. O único tipo de trabalho que a maioria dos livros de
economia reconhece é o trabalho dependente.
- Não
reconhecer a família como uma unidade de produção e o trabalho
independente como uma forma de ganhar a vida. As pessoas deviam ter a
opção de poder escolher entre o trabalho dependente e independente.
- Suposição
de que o empreendedorismo é uma qualidade rara. Pelo contrário, a
capacidade empreendedora é praticamente universal. A sociedade
nunca deu às pessoas pobres uma base adequada para crescerem.
Quando os pobres forem autorizados a libertarem a sua energia e
criatividade, a pobreza desaparecerá rapidamente." Muhammad Yunus
Van Gogh
Para
Muhammmad Yunus a principal tarefa de um programa de desenvolvimento é
tentar despertar a criatividade que existe em cada ser humano. Na sua
base está a criação de um ambiente favorável que permita a cada ser
humano explorar o seu potencial criativo.
No livro "Criar um mundo sem pobreza"
M. Yunus fala-nos do talento nato de todos os seres humanos – o talento
para sobreviver. Diz-nos que concentrou os seus esforços no que
pudesse possibilitar a concretização do potencial dos mais pobres. "Dar
aos pobres acesso ao crédito permite-lhes pôr imediatamente em prática
os talentos de que já dispõem – tecer, descascar arroz, criar gado e
guiar um riquexó" (…).
(…)
Decisores públicos, consultores internacionais e muitas ONG partem,
normalmente, do princípio oposto – que as pessoas são pobres porque não
têm aptidões. Baseados neste conceito, os seus esforços antipobreza
começam por ser construídos em volta de elaborados programas de
formação. Eles optam pela formação porque esse é o caminho que indicam
as avaliações viciadas que tomam por princípio. Mas se vivermos tempo
suficiente com os pobres, descobrimos que a pobreza se deve à
incapacidade de retenção dos resultados do seu trabalho. Eles não têm
qualquer controlo sobre o capital. Os pobres trabalham para benefício de
outros que controlam o capital.
E
porque é que isto acontece? Porque os pobres não herdam qualquer
capital e porque ninguém, no sistema convencional, lhes dá acesso a
capital ou a crédito (…).
(…)
E quanto à formação profissional? A formação, per se, não tem nada de
mal. Pode ser extremamente importante para ajudar pessoas a ultrapassar
dificuldades económicas. Mas a formação pode ser dada apenas a um número
limitado de pessoas. Para responder às necessidades de uma vasta massa
de pobres, a melhor estratégia é deixar que as suas aptidões naturais se
desenvolvam, antes de começar a ensinar-lhes aptidões novas. Conceder
crédito aos pobres e deixá-los usufruir dos frutos do seu trabalho –
muitas vezes, pela primeira vez na vida deles – ajuda a criar uma
situação em que eles próprios sentirão necessidade de formação,
começando a procurá-la e dispondo-se até a pagar por ela (embora, em
grande parte das vezes, não mais do que a um preço simbólico). Nestas
condições, a formação pode ser realmente importante e eficaz.”
Estas palavras levam-nos a reflectir na nossa cegueira perante a
energia e criatividade de todos os seres humanos e nos muros que são
impostos à metade inferior da população mundial.
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